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Histórico da capela de nossa senhora da conceição do mosquito

HISTÓRICO DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MOSQUITO

ATUAL IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA CIDADE DE CORONEL XAVIER CHAVES

Texto de Olinto Rodrigues dos Santos Filho.

A capela de Nossa Senhora da Conceição surgiu em época remota, possivelmente entre 1770 e 1780, embora haja uma lápide com possível data de 1768 na entrada da capela.

Foi construída como capela rural filial da Matriz de Santo Antônio da Vila de São José Del Rei, hoje Tiradentes e nunca foi ermida ou oratório de fazenda, mas capela filial, ora com capelão, ora sem capelão. Nesta capela que servia aos moradores do mosquito, eram feitos batizados, casamentos e sepultamentos. A pia batismal parece que foi levada para a nova Matriz, embora por um bom tempo os batizados continuaram a serem feitos na capela antiga. Os sepultamentos poderiam ser feitos no interior da capela, que certamente tinha o assoalho original, em campas, mas com mais freqüência no adro da capela. Que entenda-se por adro não só a parte fronteira, mas toda a volta do templo, cercado com muro de pedra, atualmente tendo os túmulos desaparecidos. Como o cemitério era um solo santo, portanto deveria ser cercado de muros como atualmente está.

Primeira referencia documental à capela aparece em registro de óbito e sepultamento de João escravo de Domingos Gonçalves de Góes em 02 de junho de 1776, quando aparece a primeira vez o título de Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão do Mosquito, conforme documento transcrito abaixo:

“Aos dois dias do mês de junho do anno de mil sette centos settenta e seis foi encomendado e sepultado com os sacramentos da Penitência e unção dentro da Capela de Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão do Mosquito filial desta Matriz de Santo Antônio da Vila de Sam Joze do Rio das Mortes, João eescravo de Domingos Glz de Goes desta freguezia e para constar fiz este assento que asignei.

O Coadjutor Joachim Joseph Nascentes.

Livro de óbitos da Paróquia de Santo Antonio de Tiradentes 1772-1779, folha 525, arquivo da Diocese de São João Del Rei.

Como já dito, a capela era filial da matriz de Santo Antônio da Vila de São José, atual paróquia de Tiradentes, desde os fins do século XVIII até 1911, com exceção de curto período em que pertenceu a Paróquia da Lage. Quando se criou a paróquia de Nossa Senhora da Penha de França da Lage, a capela passou a pertencer a essa paróquia em 1840 permanecendo até 1852, quando volta a paróquia da Vila de São José.

Em 1825 a capela da “Aplicação” do Mosquito tinha uma população de 184 almas, assim divididos: brancos 24, pardos 51 e pretos 109, acomodados em 32 fogos (núcleo residencial), conforme o mapa feito pelo vigário Antônio Xavier de Sales Matos.

No mesmo ano o vigário informa no mapa geral de população da freguesia de Santo Antônio da Vila de São José, que capelão era o Padre Joaquim Gonçalves Lara Góes, e não contribuía com nada por ser o rendimento da Capela diminuto. No ano seguinte de 1826 a capela aparece com 180 moradores e com o mesmo capelão. Em 1829 o vigário Sales Matos já informa que o Mosquito não tem capelão e inclui a população no total da Matriz.

Na lista nominativa de 1838 aparece o “quarteirão” do Mosquito com trinta e três fogos ou células familiares espalhados pelas fazendas e em local chamado “Venda Nova” que acreditamos ser a povoação em torno da capela. A lista é encabeçada pelo capitão Mateus Furtado de Mendonça, de 48 anos, casado com D. Angela Maria Lara de 49 anos, moradores na fazenda do Retiro do Caxambú onde existia uma ermida em que se celebravam vários batizados. O casal tinha quatro filhos e 67 escravos. Lá nesta fazenda vivia o Pe. Joaquim Gonçalves Lara que àquela altura tinha 37 anos e foi o Capelão de Nossa Senhora da Conceição do Mosquito.

O capitão Matheus Furtado de Mendonça foi vereador e presidente do senado da câmara da Vila de São José.

Na fazenda do Mosquito vivia D. Gertrudes Caetana de Faria de 60 anos, viúva com 17 escravos e o seu filho Joaquim José de Faria de 22 anos, casado com Maria Rita de Jesus de 16 anos que tinham 2 filhos de 3 e 1 ano. É interessante notar que havia lá uma agregada que era fiandeira, a crioula forra, Joaquina de 40 anos, atestando que a tradição de trabalhos em tear são bastante antigos na região.

Na fazenda do Mosquito parece que havia outra sede ou outra casa em que morava o Guarda-mor João Gonçalves Lara e Góis de 68 anos de idade, então já viúvo com os filhos Ana (9 anos), Francisco (18 anos), José (12 anos) e seus 46 escravos. Ainda na fazenda morava o casal Manoel Dias e Maria Dias, sendo ele ferreiro. Também lá vivia o casal João Gonçalves de Faria Lara Junior de 23 anos e a mulher Rita de Mendonça de 18 anos com seus 12 escravos.

Em outra fazenda, a da Roça Grande vivia dona Bernarda Francisca de Faria, viúva de 52 anos com os filhos Alexandre de 28 anos casado com Maria Luiza de Mendonça com 19 anos. Esta fazenda possuía o enorme plantel de 86 escravos. Esta casa também possuía sua Ermida, onde eram batizadas muitas crianças.

Pela lista nominal ainda se pode identificar alguns outros lugares ou fazendas além da citada “Venda Nova”: Cachoeira ou Cachoeirinha com um oratório; Carandaí; Ponte do Taboão; Retiro dos Dois Córregos; Porqueiro e Recondengo. Esta população eram os fiéis ou aplicados da capela de Nossa Senhora da Conceição. Chama a atenção o fato de que a grande maioria era de escravos, pretos forros ou crioulos que trabalhavam nas lavouras que se formaram na região da Lage e do Mosquito.

No rol dos confessados datado de 1795 a capela do Mosquito ainda não parece como curada, só após 1825.

Durante o século XIX foram registrados vários batizados na capela de Nossa Senhora da Conceição do Mosquito entre 25 de fevereiro de 1847 à 15 de agosto de 1876 com cerca de 260 assentos.

Muitos batizados foram realizados nos oratórios das fazendas de Retiro do Caxambu da Roça Grande, do Retiro de Dois Córregos e do Carandaí, quase sempre pelo capelão Joaquim Gonçalves Lara, nascido em 1801 e que até 1876 estava realizando batizados com mais de setenta anos. O Pe. Joaquim foi ordenado em 26 de fevereiro de 1825 pelo bispo D. Frei José da Santíssima Trindade e imediatamente assume a Capela do Mosquito, sua terra vivendo na Fazenda do Retiro do Caxambú até sua morte.

Durante todo o século XIX foram realizados muitos sepultamentos, batizados e casamentos na Capela de Nossa Senhora da Conceição, oficiados ora pelo capelão, ora pelo vigário José Virgulino de Assis Pereira e outros. Os seguintes padres atuaram na capela do Mosquito administrando os sacramentos e dizendo missa: Padre Joaquim Antonio de Lima (1860-1868); Francisco Theresiano d’Assis (1868); Padre Custódio de Oliveira Monte Raso (1869); Padre Pedro Ribeiro Resende (1869,1871,1876); Vigário Jacintho José d’Almeida (1871); Padre Ernesto Geraldo de Siqueira (1872,1874 e 1875); Padre Herculano Jose d’Assunção (1873); Padre Joaquim Leite de Araujo (1873); Padre Antonio José da Costa Machado (1874); Padre Joaquim Inácio Vieira (1874); Padre Custodio Sabino Franklin; Padre João Batista Sacramento (1875); Padre Joaquim Inácio Viana; Padre Crispiniano Antonio de Souza; Padre José Manoel Teixeira; Padre Dr. Joaquim Maximiliano da Rocha Pinto e Padre Antonio Lourenço (1878)

Dos muitos sepultamentos ao longo do século XIX em todo o adro da capela alguns se destacaram e foram enterrados no interior do templo como Francisco Antonio de Mendonça, de 82 anos, casado com D. Josefa Francisca de Mendonça, em 24 de fevereiro de 1869. Foi conduzido à sepultura em caixão, o que só ocorria com pessoas ricas e de destaque, e acompanhado por três padres.

Mas a grande maioria anotada nos livros de óbito eram escravos negros, pardos e forros pobres, trabalhadores nas fazendas locais, como o Jerônimo africano casado com Natalia crioula de idade “sexagenária”, escravo de Joaquim José Parreiras, em 17 de outubro de 1868.

No adro sepultou-se em 31 de agosto de 1880 um escravo de Francisco Xavier Rodrigues Chaves por nome de Damião.

Consta ainda nos livros o casamento de Emídio Resende Mendonça, filho de José Francisco de Mendonça e D. Esmênia Carolina de Resende, com Francisca Maria de Mendonça, filha de Matheus Gonçalves Mendonça e Francisca Águida de Mendonça, no oratório que por vez havia sido providenciado por sua excelência reverendíssima na casa de Matheus Gonçalves de Mendonça em 02/10/1880.

Na aplicação da Capela do Mosquito nasceu o ilustre Padre Joaquim Parreira das Neves, em 1861, conforme assento de batizado abaixo:

“Aos dezoito de agosto de mil oitocentos e sessenta e hum na Capella Senhora da Conceição do Mosquito o Reverendo Joaquim Gonçalves Lara baptizou solenemente, e pôz os Santos Óleos a Joaquim, filho legítimo de José Joaquim Parreiras e Dona Luiza Maria das Neves: são padrinhos Joaquim José Parreiras e Dona Angela Esteves de Mendonça de que faço este assento.

O Vigrº José Virgulino de Assis Pereira”

Joaquim Parreira das Neves foi ordenado em Mariana pelo bispo Dom Antonio Maria Correa de Sá e Benevides em 2 de maio de 1886 depois de ter cursado Humanidades no Colégio do Caraça e Teologia no Seminário de Mariana.

Logo após ser ordenado assumiu a Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França da Lage, em setembro de 1886 e lá permaneceu até 1891. Entre 1893 e 1897 foi vigário da Paróquia de Santo Antonio da cidade de Tiradentes. No seu vicariato recebeu a doação feita pelos paroquianos de uma casa para servir de presbitério, em 1893, casa que após ser paroquial foi comunidade de freiras e creche, voltando a ser casa paroquial em 1987 e hoje abriga o Museu da Liturgia da Paróquia de Tiradentes.

Conta-nos D. Oscar de Oliveira, bispo de Mariana que…

“É o benfeitor do Bispado do Aterrado (hoje cidade de Luz), tratando Dom Silvério de fixar a sede do Bispado no Oeste Mineiro, cuja criação promovia, não encontrava nas cidades, que lembrava para este fim a precisa correspondência às suas propostas e lembrança. A construção do palácio, da Catedral, a formação do patrimônio necessário para a criação de uma diocese, entibiavam por toda parte os entusiasmos. Foi então que o vigário do modesto Arraial do Aterrado no município de Dores do Indaiá, se apresenta ao Arcebispo e lhe assegura que, criada a Diocese com sede em Aterrado ele daria prontos em tempo conveniente, o palácio e a Catedral e, iniciaria o patrimônio reclamado. E fez tudo. E o bispado se criou e o padre Parreira assistiu a sua instalação. Fato virgem ou ao menos raríssimo na historia da igreja: “um bispado com sede em um povoado despido de categoria de cidade.”

Eis por tanto o padre Parreira vigário do Aterrado, criando a diocese de Luz. Isto ocorreu em 1920, quando se criou a diocese e a Matriz de Nossa Senhora da Luz após reforma foi elevada a Catedral.

O padre Parreira permaneceu na paróquia de Nossa Senhora da Luz de 1904 a 1921. Foi então transferido para Ponte Nova, onde assumiu o cargo de Capelão do Hospital Nossa Senhora das Dores e recebeu do Papa o título de Monsenhor, por solicitação de D. Helvécio. Foi depois transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto como Capelão, onde veio a falecer em 27 de julho de 1941, aos 80 anos de idade e foi sepultado em Belo Horizonte após solenes exéquias.

Na virada do século XIX para o século XX o povoado e a Capela de Nossa Senhora da Conceição do Mosquito continuava a pertencer, a agora cidade e paróquia de Tiradentes. Na monografia publicada na Revista do Arquivo Público Mineiro intitulada “Município de Tiradentes”, em 1900, ano V, p.98 consta que

“Há no Distrito (sede) 3 lugares, cada um deles com sua Capella… Mosquito também com casas espaças umas 30 mais ou menos, pode ter 400 habitantes”.

Com a divisão administrativa de 1911 que redefiniu os limites dos municípios mineiros, o povoado do Mosquito passou a pertencer ao município de Prados, criado em 1890, mas a Capela continua a pertencer à paróquia de Tiradentes, até a criação do Curato de São Francisco Xavier, em 30 de novembro de 1918, pelo arcebispo D. Silvério Gomes Pimenta em cuja portaria foi descrito os limites da circunscrição religiosa. Antes mesmo da criação do Curato o mesmo arcebispo, por provisão de 27 de junho de1916, autoriza a construção da nova igreja, que embora não sendo paróquia é chamado de Matriz.

Pronta a nova igreja, o arcebispo autoriza o cura e ao Pe. Antonio Carlos Rodrigues a benzer a igreja, o que acontece em 1920, com extensa programação. No dia cinco de dezembro daquele ano a imagem da padroeira da antiga Capela do Mosquito, Nossa Senhora da Conceição é transladada para a nova igreja e no dia 07 em outra procissão são transladadas imagens do Sagrado Coração de Jesus, São José e do Menino Jesus, terminando assim a vida religiosa da velha Capela de pedra, iniciada em 1776 e finalizada em 1920.

A Capela então passa a ter outra invocação, agora o orago é Nossa Senhora do Rosário, cuja pequena imagem neoclássica deve datar do início do século XX. O delegado paroquial ou cura, segundo o bispo, tem todas as atribuições de pároco, como consta da nomeação do Pe. Aristides Teixeira, em 14 de março de 1923. Só em 1941 o arcebispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira cria a paróquia de Nossa Senhora da Conceição de São Francisco Xavier.

Na velha Capela fica entronizada a imagem de Nossa Senhora do Rosário e outras imagens a ela pertencentes de São José, de São Sebastião, de São Francisco Xavier, de Santana, do Menino Jesus e de Santo Antonio, que lá permanecem até hoje, com exceção do Menino Jesus que se encontra guardado. Em inventário, em 1923, consta na capela do Rosário, antiga Matriz:

“Uma instalação (quase imprestável), de acetileno”

· 3 banquinhos, uma pequena credencia, uma campainha velha;

· 1 banqueta de metal, 6 jarras de barro, 1 purificador, 1 terno de sacras, 1 quadro de Santa Cecília (transferido para a nova Matriz) e 3 estantes de música;

· No único altar 8 imagens, das quais: 3 regulares: Nossa Senhora do Rosário, São José e São Sebastião;

· 6 pequenas: São Francisco Xavier, Santo Antonio, Sant’anna, Menino Jesus;

· 1 terno de sacras, 1 tapete (velho);

· Na sacristia uma cômoda grande, 1 mesa de bom tamanho, 1 cruz de procissão, 1 lavatório de pedra, 2 bancos;

· 4 andores, 5 toalhas de altar, 1 forro de altar, 1 tapete (novo);

· 1 oratoriozinho do Menino Jesus, 1 terno de sacras (velho);

· 4 missais antiqüíssimos;

· 1 cálice útil e 1 cálice não dourado por dentro;

· 1 salva para comunhão (prata?) 1 resplendorzinho (prata);

· 1 pedra d’ara (sem relíquia);

· 2 paramentos “(uma cor) bem estragado e outro 5 (de duas cores)”.

(Livro nº 1 de tombo da paróquia de Coronel Xavier Chaves).

A Capela agora do Rosário passou o século XX, servindo ao culto, aos congadeiros, aos negros, e no seu portão se fazendo a bênção do Santíssimo Sacramento, na procissão do Corpus Christi até os dias atuais, agora como símbolo do patrimônio da cidade, tendo em 1973 o seu revestimento original de reboco de cal e areia removido no paroquiato do Pe. Francisco Lustosa.

ANÁLISE AQUITETÔNICA E ARTÍSTICA

A capela de Nossa Senhora do Rosário de Coronel Xavier Chaves é bastante modesta e de pequenas proporções, mas um tanto graciosa. O partido arquitetônico lembra as capelas mineiras dos séculos XVIII e XIX com fachada definida por cunhais em relevo de cantaria, porta central com aro de cantaria lavrada e folhas almofadas, um tanto robustas de belo efeito plástico.

A portada tem larga sobreverga arqueada em moldura. A altura do coro existem duas janelas com enquadramento de cantaria de vergas levemente curvas, sendo que a direita tem uma sacada entalada com dois balaustres e a esquerda foi adaptado para um sininho no vão, seguro por duas madeiras fixadas nas ombreiras. Vê-se que se trata de uma solução posterior. É possível que a capela tivesse uma sineira independente talvez de madeira. Arremata a fachada um frontão triangular reto, centrado por óculo envidraçado e beirais em beira-seveira, muito típicos da região.

Nas extremidades do frontão, sobre os cunhais existem dois coruchéus de pedra lavrada de forma piramidal e sobre o vértice um acrotério em cubo moldurado e cruz latina lisa.

A planta da capela constitui-se de nave única com duas sacristias laterais, um tanto recuadas em relação a fachada, formando uma espécie de cruz. Na fachada posterior cega está repetida a solução dos cunhais salientes, hoje quase imperceptíveis por ter sido tirado o reboco, encimados pelos coruchéus piramidais e acrotério com cruz.

Toda a capela é coberta por telhas originais do tipo capa e canal ou como se diz popularmente telhas curvas, com todos os beirais em beira-seveira, a exceção da empena posterior com apenas uma fiada de telhas no sentido invertido.

A sacristia a direita apresenta uma porta de verga reta em cantaria, com folhas de calhas por onde se acessa a capela e uma janela de verga reta, dando para a lateral, com folha em quatro almofadas rasas. Nesta sacristia há um pequeno lavabo de cantaria, com a saída de água vista na parede externa.

Na sacristia ou consistório a esquerda, não há outros vãos além de uma porta de verga reta, dando para a lateral, com aro de cantaria e folha de calha certamente de intervenção posterior. A nave tem iluminação proporcionada por dois pequenos óculos, um de cada lado, perfeitamente circulares.

O sistema construtivo da capela é todo em alvenaria de pedra, com as esquadrias de pedra lavradas ou cantaria, que originalmente era rebocada e caiada. Com a remoção do reboco em 1973, o sistema construtivo ficou aparente, mas com a degradação da massa de assentamento das pedras, foram feitos rejuntes com massa de cimento muito visíveis de perto.

Internamente a nave tem duas portas comunicando com as sacristias, ambas com aros de cantaria, com vergas curvas. A da esquerda é mais larga e apresenta vedação entreliçada, o que nos faz acreditar que funcionava como confessionário.

Atualmente toda a capela se acha assoalhada de tábuas corridas, mas já teve piso de ardósia e originalmente era com campas, pois nela se sepultava os mortos.

Os três cômodos são forrados de madeira de confecção recente, sendo os da sacristia inclinados, pintados de branco. Sobre a porta principal existe a tribuna do coro, toda em madeira, um guarda-corpo em balaustres recortados, recentemente pintados de branco. O acesso ao coro faz por escada em dois lances. Ainda restam na capela uma bela pia de água benta, entalhada em gomos, o armário dos santos óleos em forma de nicho quadrado, mas sem a porta e uma credencia escavada na cantaria, junto no retábulo do altar.

O único retábulo em madeira recortada e moldurada pode datar de fins do século XVIII ou início do século XIX, encontra-se pintado de branco e amarelo, mas em recente prospecção revirou pinturas florais. O retábulo tem soco ou embasamento em painel com molduras refendidas pintado em marmorizado de tons verdes. O registro médio é liso com painéis sob as pilastras e molduras refendidas. Há um sacrário posteriormente adaptado com corte na moldura original. Dois pares de pilastras retas com molduras em rebaixo, funciona como elementos de sustentação, encimados por entablamento em cimalha moldurada. O coroamento é liso encimado por molduras onduladas e dois pequenos pilares. A boca da tribuna ou camarim em arco pleno moldurado com renda de tribuna em madeira é recortada em curvas e contracurvas, em destaque mais alto sobre o sacrário. O camarim de paredes lisas com forro em abóboda de berço tem hoje pintura de estrelas salteadas. O trono é uma bela peça de marcenaria em quatro degraus ou bancadas escalonadas. O degrau inferior é reto e moldurado e os suferiores abaulados. Em recente prospecção apresenta pintura artística. O sacrário de gosto neogótico foi adaptado em época posterior, com caneluras e relevo de cálice. A banqueta é reta com pequeno filete de moldura e o altar em caixa reta com pintura fitomorfa. No intercolúnio aparecem duas peanhas e coifas recortadas para colocação de imagens, certamente introduzidas posteriormente.

Está entronizada uma imagem neoclássica de Nossa Senhora do Rosário, em madeira, no lugar da Imaculada Conceição setecentista que foi para a nova matriz. Nas peanhas estão duas imagens de gesso de São Benedito e Santa Efigênia e nos degraus do trono as imagens de São Sebastião e São José, ambas setecentistas, de maior tamanho, além das imagens menores de Santana, Nossa Senhora do Carmo, Santo Antonio, de cunho rococó e uma imagem de São Francisco Xavier, datada do final do século XIX de cunho neoclássico.

O que chama a atenção nesta capela é não só a bem elaborada planta, mas o apuro do acabamento em cantaria de portas, janelas, coruchéus, cruzes, pias, etc., assim como as belas portas almofadadas e entreliçadas. O apuro técnico e formal deste monumento, datável do último quartel do século XVIII é notável e denota o poderio econômico dos aplicados e fazendeiros que a fizeram construir.

Infelizmente não há documentação de sua construção, dos pedreiros, dos canteiros e marceneiros que nela trabalharam.

A capela é cercada por muro de pedra baixo que define o adro que originalmente era para sepultamento dos fiéis. Ainda resta junto à soleira da porta uma pedra de lápide com inscrição ilegível que para lá certamente foi deslocada.

O portão de ferro que veda a entrada deve datar do início do século XX, em substituição a outro de madeira.

A capela é tombada como patrimônio do município de Coronel Xavier Chaves, através do decreto municipal nº 681, de 11 de abril de 2000, assinado pelo prefeito Helder Sávio Silva.

A capela, símbolo do passado da cidade, mantém um entorno semi preservado e localizada no fim de uma ampla praça ajardinada o que lhe confere um destaque na paisagem urbana.

ACESSO RÁPIDO

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